A origem dos Rojões da Bairrada, assim como outros pratos típicos desta região, poderá ter diversas interpretações, lendas e histórias, que deverão ser analisadas, tendo como referencia o que a História e a Cultura Gastronómica nos transmitem.
O consumo de carne de porco só se generalizou em Portugal depois da conversão das populações não cristãs, no século XVI, no reinado de D. Manuel I.
No século XVII o porco passou a ter uma enorme importância na alimentação de subsistência das populações.
Após o século XVII, o desenvolvimento verificado no país e consequentemente na Bairrada fez com que a criação de porcos ultrapassasse a necessidade primária dos agricultores, passando estes a comercializar os animais em feiras de gado. Os agricultores bairradinos passaram a ter uma gastronomia mais rica e diversificada. A matança do porco, um ritual dessa gastronomia riquíssima, começava pouco antes do Natal e prolongava-se por todo o mês de janeiro. Era essencial o frio e as primeiras geadas para uma boa “cura” da carne nas salgadeiras. Da morte do animal ocupavam-se os homens pelo método da faca direta ao coração obtendo-se assim maior quantidade de sangue para os enchidos. Morto e sangrado o porco era aberto, as tripas retiradas e lavadas no rio por mulheres. A desmancha do porco era feita no dia seguinte à matança, e era um verdadeiro saber, respeitado e transmitido de geração em geração. Cada pedaço tinha o seu destino invariável, quer para o fumeiro, quer para a salgadeira, quer para a confeção dos rojões, pelo que se colocavam separadamente em alguidares de barro.
Os rojões, depois de confeccionados à lareira num tacho tradicional de cobre, eram conservados em potes de cerâmica, mergulhados na sua própria e saborosa banha, onde poderiam permanecer até um ano de imersão. Eram um recurso prático, rápido e saboroso para ofertar às visitas imprevisíveis dos amigos.